quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Brucutu ( Lavador de parabrisa )

Assutaram com a imagem que nada tem a ver com Puma? Na verdade foi para ilustar a historinha do Brucutu.
O termo era designado aquelas pessoas rudes e brutas nos anos 60. Existia a publicação em um jornal dos EUA, desenho em tiras, de um homem das cavernas tentando viver na sociedade moderna. Quando essas tiras foram trazidas ao país, virou o nome do personagem: Brucutu.
A utilização de anéis com uma caveira era símbolo de coragem e ao mesmo tempo de rebeldia contra a sociedade. As formas do anel lembravam uma caveira e alguém, suponho eu, deve ter tido a idéia de transformar a capa cromada do aspersor do lavador de parabrisa do Fusca em anel, parecendo uma caveira (quando se separa essa parte da peça ficam dois grandes buracos). Na onda da Jovem Guarda, o comandante Roberto Carlos utilizava um desses anéis e como ídolo, a juventude toda começou a copiá-lo. Não lembro ao certo se o anel do RC era de lavador, acredito que não, mas o que a juventude fazia era furtar essas peças dos coitadinhos Fusquinhas, ficando somente a base de borracha, para transformar em anéis, e por serem rústicos foram apelidados de Brucutu. Já os Fusquinhas ficavam sem brilho, aparecendo somente aquela peça feia de borracha preta, que funcionava normalmente, mas todo mundo achava muito feio sem o acabamento, provocando a ira de seus proprietários. E não adiantava colocar de novo que era furtado novamente. Era raro ver um Fusquinha ileso, eu mesmo "adquiri" o meu em 1965, tendo que devolver ao dono do carro, horas depois, com um grande puxão de orelha do meu pai, bem doído, diga-se de passagem.
Essa história existiu por uma única questão, excesso de chuvas! Isso mesmo, o Fusca quando aportou no Brasil em 1950, não existia o equipamento e seu importador, a Brasmotor, cuidou logo de instalar o equipamento com uma idéia muito criativa, a "bisnaguinha". Essa garafinha colocada embaixo do painel dos Fuscas jurásticos (termo emprestado do meu amigo Dario Faria), era apertada pelo motorista, criando pressão e impurrando a água (como aquelas bisnagas de água de carnaval, isso é véio) pela mangueira que levava até o aspersor (brucutu) na frente do parabrisa, pois com a quantidade de chuvas no Brasil, somados as ruas e estradas de terra, o "vidro" ficava muito sujo, lameado para usar o termo popular. Na Alemanha ou qualquer outra parte do mundo, nunca existiu esse equipamento, somente no Brasil. E assim foi até 1961, quando essa garrafinha deu lugar ao botão de apertar junto com o botão do limpador, pressurizado com ar comprimido no reservatório existente no porta-malas. Mas atenção, isso era em Fusca. Os "olhinhos" do aspersor podiam ser regulados e direcionados com um alfinete.
Nos Puma, o primeiro modelo a contar com esse equipamento foi o Puma GTE em setembro de 1970, devido a solicitação dos importadores e legislação nacional. O Brucutu utilizado era o mesmo da linha VW e apesar de em 1973/75 a VW ter mudado o desenho do brucutu para todo de plástico (alguns modelos VW mudaram antes outros depois), a Puma continuou utilizando o mesmo equipamento cromado, por ser mais sofisticado. Esse equipamento no Puma é movido por uma pequena bomba e motor elétrico, junto ao reservatório, acionado por um botão vai-e-vem no painel, posicionado ao lado do botão de limpador do parabrisa.
A partir de 1978, a Puma cedeu, por uma questão de desenho e custo, o aspersor mudou para todo de plástico permanecendo o mesmo sistema.

5 comentários:

Anônimo disse...

Fiz algumas pesquisas por aí, até mesmo falei com 2 ex-funcionários da Puma por telefone, tentando consolidar informações de acabamento, quando ocorreram mudanças, quais foram, etc.

Me parece que as Puma 78 ainda sairam com o brucutu cromado, talvez as últimas, quase na virada para 79, e estas últimas com certeza, com o brucutu preto plástico.

Isso se aplica também à cor dos limpadores de para-brisa, que viraram preto na mesma época em que mudaram o brucutu.

Antes eram o prata que todos conhecemos.

Eu, particularmente, na minha GTS 78 optei pelo brucutu cromado (difícil de encontrar, diga-se de passagem) e limpadores prata.

Mauricio Morais disse...

Felipe, belo trabalho de pesquisa, falando nisso, todo esse material pesquisado junto daria um belo livro. Eu compraria o meu correndo e até faria a ilustração da capa, he, he. Anote a sugestão. Abs.

Felipe Nicoliello disse...

Sandro,
Também em minhas pesquisas não encontrei indícios da utilização dos de plásticos no modelo 78, porque só me baseio em dados, fontes e fotos originais, qdo não lembro exatamente. Acontece que esse momento da mudança foi mais para o final de 78, junto com as maçanetas de botão, mas ainda não tinham o painel injetado e nem o volante de três raios. Então só poderíamos precisar com exatidão se tivéssemos os livros de estoque de peças da Puma, já que no livro de resgistro de cada veículo que saía da fabrica, não mencionava pequenos detalhes como esse.

Maurício,
Falo e explico detalhes de Puma há cinco anos nos foruns e grupos. Agora decidi deixar registrado e poder atingir um número maior de pessoas interessadas na originalidade Puma. Escrever um livro? É muita responsabilidade e tempo para pesquisa.Quem sabe esse não serio o ensaio.

Anônimo disse...

Felipe, pensando nas GTS78 antes da virada de final de ano ( com possíveis pequenas modificações de acabamento) qual seria o volante original delas?

Se não é o de 3 raios, qual seria?

Seria aquele de 2 raios com meia circunferência na parte superior do cubo?

Preto?

E o de 3 raios, sempre foi preto?

Ou, como no caso das rodas, os compradores podiam optar por detalhes de acabamento personalizado, no que se refere à pintura de partes?

Felipe Nicoliello disse...

Sandro,
Assim vc vai rápido demais. Vou colocar o assunto volantes, mas se vc der uma olhada nos paineis verá tb sobre os volantes. No seu caso é o de dois raios e era preto. O de três raios só saiu em prata nos GTC e GTI.