sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Placa Preta

Idealizada para atender os anceios dos antigomobilistas brasileiros e concretizada por Roberto Nasser em aprovação no Congresso Nacional.
O Certificado de Originalidade (C.O.) para obtenção da Placa Preta (PP), além de atestar a originalidade do veículo, serve para que os colecionares não tenham que adaptar equipamentos modernos em veículos antigos, para atender as exigências legais do Contran. Esses equipamentos as vezes alteravam o visual do veículo antigo, comprometendo a história. Em uma ilustração bem radical, vocês já imaginaram um DKW com catalizador? Ou um Ford T com lanternas de direção (setas)? Nem pensar, no primeiro caso a fumaça azul seria extinta e deixaríamos de ouvir intensamente aquele ronquinho pipocado, isto é, se funcionasse. No segundo caso, veríamos um calhambeque com lanternas de caminhão penduricalhas. E aí, em um diálogo em alguma exposição de antigomobilismo, o garotinho pergunta para o pai:
"-Porque esse carro tem rodas de madeira?
-Porque era assim que se fabricava as rodas.
-E porque as lanternas desse calhambeque é igual do seu caminhão novo?
-Pergunta difícil heim Joãozinho!"
Então para preservar a imagem do veículo, da forma como ele circulava nas ruas, com suas virtudes e seus problemas, nasceu a PP.
Como podemos ter a sensação de guiar um Ford A com freios a varão, se a mecanica estiver toda alterada? Ou um DKW, que não tinha freio motor ( bem quase, era muito pouco) com mecanica atual? Essas sensações fazem parte da condução de um veículo antigo em sua época.
Infelizmente o conceito do brasileiro ainda perdura na lei do "Leva Vantagem" e, no caso da PP, não é diferente. Muitos acreditam que dá status e valoriza o carro na comercialização. Nesse pensamento os inecrupulosos acabam fazendo cambalacho e enganando as pessoas, formando uma opinião diferente da inicialmente idealizada. Assim cada vez mais, a sociedade vai desacreditando nesse símbolo, criando uma situação que preocupa os dirigentes do antigomobilismo.
Como exemplo, a F.B.V.A. - Federação Brasileira de Veículos Antigos preocupada com o assunto, está discutindo com seus filiados, procurando fórmulas e alternativas para credibilizar a coleção de seus clubes, evitando uma desmoralização generalizada e a perda dos direitos conquistados.
O Puma Clube, filiado a F.B.V.A., segue a risca as instruções e não permite avaliações de veículos que não podem se candidatar a PP, se estiverem nos itens excludentes, como cor, motor, rodas e carroceria. Suas avaliações são rígidas e atestam com muita propriedade a pontuação obtida pelo veículo vistoriado, sendo no mínimo 80 pontos do questionário de avaliação. Isso não representa 80% como muitos dizem, afinal o questionário tem pontuação diferentes para diversos itens, sempre procurando assim, manter o conjunto o mais próximo possível da originalidade.
Não podemos desanimar com os acontecimentos e devemos abominar as pessoas que falsificam a identificação ou mudam seus veículos após a conquista da PP, pregando o correto e criticando a situação errada para a própria pessoa que faz isso, assim ele deverá pelo menos ficar cheio de ouvir reclamações, inibindo a prática.
Meu Puma não tem o espelho do lado direito e não sou obrigado a utilizá-lo. Nenhum automóvel, em 1974 tinha espelho direito e me perguntam: e como dirigiam? Ninguém ultrapassa pela direita, era proibido, mesmo nas cidades. Hoje com as avenidas de várias pistas, ficou difícil de manter essa regulamentação. E olha que esse fato não é propriedade dos brasileiros, isso aconteceu no mundo inteiro, porque até 1973, se não me engano, os Porsche não tinham espelho direito.

3 comentários:

Anônimo disse...

Felipe, lendo seu texto surgiu-me uma dúvida.
Um exemplo para ilustrar: minha Puma GTS 78 com cintos originais sub-abdominais está irregular o proibida legalmente de transitar se não tiver placa preta?
Ainda que numa eventual fiscalização não dessem atenção para este fato, ela está irregular?

Anônimo disse...

Em verdade tenho mais uma dúvida: uma placa preta deve ter obrigatoriamente o tamanho da placa normal vigente conforme a lei?

Se a resposta for afirmativa, uma placa preta atual não caberia no vão entre os para-choques dianteiros das Puma.

Como ficaria esta situação?

Felipe Nicoliello disse...

Sandro,
Legalmente seu carro é infrator, mas nem todo agente fiscalizador leva isso ao pé da letra, mas conheci casos de amigos que tiveram problemas com policiais rodoviários sobre o cinto.
Quanto ao tamanho da placa, vou postar sobre o assunto.