Por Dario Faria
Já faz um bom tempo que venho procurando saber a história desta "piloto" de competições dos tempos antigos em que dirigir um bólido de corridas era um ato heróico e romântico, algo que fascinava quem via e fazia multidões vibrarem de fortes emoções, um tempo em que a bravura estava acima da razão e a vida rodava por um fio entre o pneu e a pista...
Hélène Delange nasceu em 1900 na cidade francesa de Aunaysous-Auneau a 60 quilômetros de Paris e aos 18 anos já independente mudou-se para a cidade luz, qual era conhecida a capital Paris e aos 21 anos adotou o enigmático pseudonome de Helle Nice que a tornou famosa em muitas partes do mundo que frequentava e neste ano partiu para Brookland, Inglaterra para participar de uma prova de fim de semana que era muito popular nesta época e com a ajuda de um amigo correu em um carro francês da marca Voisin, mas como a sociedade era rígida e austera e ela foi proibida de competir. E desde aquele momento ficou determinada a demonstrar que podia pilotar melhor que muitos homens.
Helle Nice era uma esportista nata e adorava desafios: além de eximia bailarina também esquiava; fazia trilhas; e praticava montanhismo escalando os Alpes Suíços, mas um acidente em 1929 parou estas atividades e decidiu voltar-se para o automobilismo e com um poderoso e esportivo Bugatti T43A cedido pelo próprio Ettore Bugatti, a qual tinha estreito relacionamento com ele e seu filho Jean e se destacou na Prova dos Artistas, na prova de mulheres conseguindo a melhor marca. Com este resultado Ettore cedeu um poderoso Bugatti 35C e bateu o recorde feminino na pista de Montlhéry a uma média horária de 198 km/hora e neste período fez um contrato exclusivo com a Bugatti de provas de 800 metros e demonstrações nos Estados Unidos, além de provas menores até 1931. Então decide dedicar-se a corridas na Europa e no volante de seu Bugatti T35C consegue boas colocações: sétimo lugar em Dieppe; nono lugar no G.P. de Commings; e outras colocações expressivas em Reims e Monza e no ano seguinte sexto em Monte Klause; segundo em Mont Ventoux e um nono no G.P. de Marsella, vencendo as favoritas Alfa Romeo 8C G.P. de Monza com um terceiro lugar nesta corrida que causou a morte de dois famosos corredores italianos: Campari e Borzacchini. No ano de 1936 várias vitórias vieram a tona: um oitavo lugar em Paul; quarto lugar em Picardy; sétimo lugar em Commings e segundo lugar em El Monte La Turbic e primeiro na Copa das Damas no Rally de Monte Carlo Mônaco. E quase chegou com uma boa colocação em Montjuic Barcelona, mas uma quebra do diferencial na 52ª volta, impediu este resultado. Mas um gravíssimo acidente estava por acontecer em 12 de julho de 1936, durante o Grande Premio de São Paulo - Brasil, quando disputava o segundo lugar com Manuel de Teffel, ao desviar de um policial militar que avançou na pista para olhar melhor, se chocou contra um fardo de feno no meio da pista, lançando-se contra o publico causando mortes e feridos. Helle Nice ficou gravemente ferida e estado de coma por vários dias. Após ter passado meses hospitalizada voltou às atividades publicas, mas suas condições físicas e psicológicas já não eram mais as mesmas...
Já faz um bom tempo que venho procurando saber a história desta "piloto" de competições dos tempos antigos em que dirigir um bólido de corridas era um ato heróico e romântico, algo que fascinava quem via e fazia multidões vibrarem de fortes emoções, um tempo em que a bravura estava acima da razão e a vida rodava por um fio entre o pneu e a pista...
Hélène Delange nasceu em 1900 na cidade francesa de Aunaysous-Auneau a 60 quilômetros de Paris e aos 18 anos já independente mudou-se para a cidade luz, qual era conhecida a capital Paris e aos 21 anos adotou o enigmático pseudonome de Helle Nice que a tornou famosa em muitas partes do mundo que frequentava e neste ano partiu para Brookland, Inglaterra para participar de uma prova de fim de semana que era muito popular nesta época e com a ajuda de um amigo correu em um carro francês da marca Voisin, mas como a sociedade era rígida e austera e ela foi proibida de competir. E desde aquele momento ficou determinada a demonstrar que podia pilotar melhor que muitos homens.
Helle Nice era uma esportista nata e adorava desafios: além de eximia bailarina também esquiava; fazia trilhas; e praticava montanhismo escalando os Alpes Suíços, mas um acidente em 1929 parou estas atividades e decidiu voltar-se para o automobilismo e com um poderoso e esportivo Bugatti T43A cedido pelo próprio Ettore Bugatti, a qual tinha estreito relacionamento com ele e seu filho Jean e se destacou na Prova dos Artistas, na prova de mulheres conseguindo a melhor marca. Com este resultado Ettore cedeu um poderoso Bugatti 35C e bateu o recorde feminino na pista de Montlhéry a uma média horária de 198 km/hora e neste período fez um contrato exclusivo com a Bugatti de provas de 800 metros e demonstrações nos Estados Unidos, além de provas menores até 1931. Então decide dedicar-se a corridas na Europa e no volante de seu Bugatti T35C consegue boas colocações: sétimo lugar em Dieppe; nono lugar no G.P. de Commings; e outras colocações expressivas em Reims e Monza e no ano seguinte sexto em Monte Klause; segundo em Mont Ventoux e um nono no G.P. de Marsella, vencendo as favoritas Alfa Romeo 8C G.P. de Monza com um terceiro lugar nesta corrida que causou a morte de dois famosos corredores italianos: Campari e Borzacchini. No ano de 1936 várias vitórias vieram a tona: um oitavo lugar em Paul; quarto lugar em Picardy; sétimo lugar em Commings e segundo lugar em El Monte La Turbic e primeiro na Copa das Damas no Rally de Monte Carlo Mônaco. E quase chegou com uma boa colocação em Montjuic Barcelona, mas uma quebra do diferencial na 52ª volta, impediu este resultado. Mas um gravíssimo acidente estava por acontecer em 12 de julho de 1936, durante o Grande Premio de São Paulo - Brasil, quando disputava o segundo lugar com Manuel de Teffel, ao desviar de um policial militar que avançou na pista para olhar melhor, se chocou contra um fardo de feno no meio da pista, lançando-se contra o publico causando mortes e feridos. Helle Nice ficou gravemente ferida e estado de coma por vários dias. Após ter passado meses hospitalizada voltou às atividades publicas, mas suas condições físicas e psicológicas já não eram mais as mesmas...
Apesar de tudo ela participou em 1937 de um evento que a marca de lubrificantes Yacco promoveu para a efetivação de quebra de recorde de grandes distâncias no autódromo de Montlhéry com um Matford V8 pilotado exclusivamente por mulheres que rodaram 10 dias ininterruptamente quebrando 14 recordes internacionais.
Durante o período da segunda guerra (1939 a 1945) não houve a sua participação em provas e somente se iniciou em 1949, com o convite de uma antiga amiga chamada Anne Itier que a inscreveu no Rally de Monte Carlo, com um recém comprado Renault. Mas na noite anterior a largada da corrida, durante a festa de recepção da prova para pilotos e participantes da imprensa internacional no principado de Mônaco, Helle Nice recebeu a maior humilhação de sua vida e acabaria com sua carreira esportiva.
Durante o período da segunda guerra (1939 a 1945) não houve a sua participação em provas e somente se iniciou em 1949, com o convite de uma antiga amiga chamada Anne Itier que a inscreveu no Rally de Monte Carlo, com um recém comprado Renault. Mas na noite anterior a largada da corrida, durante a festa de recepção da prova para pilotos e participantes da imprensa internacional no principado de Mônaco, Helle Nice recebeu a maior humilhação de sua vida e acabaria com sua carreira esportiva.
Em meio a todo o glamour e toda a nata automobilística da mundial da época o Sr. Louis Chiron acusou de forma agressiva e ruidosa em voz alta a todos os presentes como poderia a direção da prova permitir a participação em um rally desta categoria uma mulher que havia sido agente informante da Gestapo, a policia secreta do partido nazista durante a ocupação alemã na França? Em um silencio glacial e profundo todos se calaram e Helle Nice sem poder se quer gesticular uma só palavra ficou paralisada e indefesa mediante a grave acusação. Assim achou por melhor não acabar a prova no dia seguinte devido a total falta de concentração. Esta acusação informal de traição não foi confirmada se foi verdadeira ou falsa, mas em tempos de guerra tudo cabe, e quem somos nós para julgar os motivos dos outros... E somente em 1951, Helle Nice voltou a correr no G.P. de Niza, mas foi substituída por sua compatriota Jena Behra que não terminou a prova. A partir desta data teve imensos declínios físicos, morais e econômicos, a qual foi amparada por uma associação que cuidava de antigos artistas e vindo a falecer em 1 de outubro de 1984, já com 84 anos. No meu entender da história ficou a marca de uma mulher à frente de seu tempo, quebrando tabus de um mundo exclusivo e machista reservado a homens pilotos. E no Brasil ficou a marca do acidente trágico e o clássico Alfa Romeo 8C Monza, no espolio judiciário da família de Roberto Lee que se deteriora a cada dia, no Museu de Caçapava, enquanto nada acontece...
8 comentários:
Dario e Felipe, parabéns pelo artigo! As fotos do AR em Caçapava, estas são as mais raras!
Coincidentemente, publiquei um artigo sobre Hellé Nice na 6a.feira em homenagem ao Dia Internacional da Mulher em meu site, acredito ser o Brasil único país a homenageá-la no dia de hoje.
Convido-os para apreciar o artigo em:http://www.antyqua.com.br/artigo41.php
A Hellé Nice Foundation está com um projeto para angariar fundos para a construção da lápide de Hellé Nice na França.
Publicarei as informações em breve e os vaisarei.
Grande abraço1
Elisa Asinelli do Nascimento
www.antyqua.com.br
Parabéns às Deusas das nossas vidas.
Só existimor por causa e por elas.
Todos os dias são seus dias, mas hoje é especial.
Parabéns a minha esposa e companheira, minha velha mãe goiana, todas minhas irmãs, inclusive as que já se foram, e a todas as mulheres do mundo.
Esses parabéns e deferências não valem práqueles que nasceram homens e querem ser mulheres, viu Léo e Luby.
REalmente uma heroína!!! O Alfa romeo naquele estado é uma pena, mas ao lado dele não seria um Capeta? Mais raro ainda?? Abraçoes e parabéns pela matéria!
Obrigado Elisa,
A história dessa mulher sempre me fascinou.
Jean,
É o Willys Capeta, que hoje está em Brasília nas mãos do Nasser, que está restaurando e em breve estará no Museu que ele é curador.
Ufa, este está salvo então!!
Teremos uma piloto brasileira correndo na F indy ai em Sp..
Aliás, a minha falecida avó se chamava Elenice por causa dessa piloto.
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