Nós que gostamos de veículos antigos, estamos sofrendo com essa inspeção veicular criada para diminuir a emissão dos poluentes no ar das grandes cidades. Para aqueles que tem placa preta à inspeção está dispensada, mas e os veículos que ainda não podem ter a placa preta por não terem completado 30 anos, como ficam? Ou mesmo aqueles carros que ainda rodam e um dia poderão ser de coleção? Estes se forem proibidos de andar, serão sucatados e as coleções futuras vão diminuir drasticamente de tamanho, por que quem irá guardar um carro por 30 anos sem rodar para depois emplacar a placa preta e ter o direito de andar?
O meu amigo Aluizio Proença de Lemos, diretor técnico do Fusca Clube do Brasil resolver escrever uma carta ao CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente, a qual transcrevo abaixo:
Senhores . . . Bom Dia,
A Inspeção Veicular Ambiental, por seguir as regras do Conama, só permite uma emissão de CO, em marcha lenta, da ordem de 6% para modelos fabricados até 1979 (exceto carros de placa preta).
Porém, apenas para citar um exemplo, o Dodge Charger R/T 1971, segundo testes feitos na época pela Robert Bosch do Brasil com um medidor EFAW-173 (de sua fabricação), estabeleceu que este carro emitia 10% de CO em marcha lenta. No mesmo teste o Dodge Dart emitiu 9%, o Aero Willys 2600 8,5%, o Chevrolet Opala SS 4100 7,3%, o Chevrolet Veraneio 8,0%, o Volkswagen (Fusca) 1500 7,6% e o Puma GT 1600 7,2%.
Existe uma grande diferença entre CARRO VELHO e CARRO ANTIGO . . . Vale lembrar que VEICULO ANTIGO não roda todos os dias pela cidade, pois não são carros de uso diario . . .
Em São Paulo esta muito complicado um veículo antigo, em otimo estado, as vezes de baixissima quilometragem passar pela inspeção, justamente na MARCHA LENTA.
Portanto, gostaria de solicitar informações sobre os critérios utilizados para os limites de emissões de carros antigos NA EPOCA DE FABRICAÇÃO DOS MESMOS.
O Conama criou estes padrões de emissões para a inspeção veicular atual e, para tanto, baseou-se em critérios DE ÉPOCA.
Esses dados de época são importantes para que os proprietários de automóveis antigos tenham conhecimento sobre os critérios utilizados na fiscalização e medição de poluentes durante a inspeção veicular no Municipio de São Paulo.
Gostaria de saber tambem, porque a mesma inspeção no Rio de Janeiro é diferente da de São Paulo ? Pois no Rio se consegue o licenciamento mesmo sendo reprovado na inspeção e em São Paulo não . . .
Creio que o CONAMA está ferindo o direito adquirido do proprietário do veículo, que comprou, pagou, recolheu IPVA por 3 décadas (ou mais) e agora tem restringido um direito (uso da propriedade) por imposição de regras novas com efeito retroativo. Em tese há inconstitucionalidade na limitação de emissões para veículo fabricado antes da fixação dos próprios limites de emissão. O argumento da mistura do álcool na gasolina não pode ser considerado válido, mesmo porque, a cada vez que aumenta o valor do açúcar no mercado internacional, o combustível vegetal some, fazendo os carros a gasolina poluirem mais. Independente disso, as normas do CONAMA são imutáveis. Dai, nada garante, por exemplo, que um carro que tenha passado na inspeçao em 2010 passe em 2011, mesmo sem ter rodado sequer um único quilometro (que provoca desgaste de anéis) entre esses 365 dias. Além disso, se os "carros velhos" feitos até a década de 80 terminarem seus dias no depósito de sucata, os antigomobilistas do futuro, daqui a 10 ou 20 anos, nada terão para preservar. Tudo sem contar que um carro antigo pequeno (ou mesmo grande) irá poluir menos que um modelo popular 2010, pois não passará quatro horas por dia preso em congestionamentos, tendo em vista que seu uso será esporádico.
Aluizio Proença de Lemos
quarta-feira, 31 de março de 2010
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16 comentários:
acho que deveria ter inspeçao veicular/emissao de poluentes, somente para carros a diesel. pois somente um onibus polui por todos os carros do mundo.
Concordo com o amigo Dr.JMM e gostaria de complementar, não dá pra termos inspeção com valores abaixo dos estabelecidos quando o carro era 0KM isso demonstra no mínimo o despreparo dos nossos legisladores que pra corrigir um problema criam milhares de outros.
Interessantíssimo o post.
Estou realmente acompanhando de perto este assunto, embora a inspeção veicular ainda não tenha chegado em minha cidade e embora meu Puma tenha a PP, cujo maior objetivo, como já disse anteriormente, era justamente este.
Vejo agora que, mesmo estando um motor VW a ar carburado devidamente regulado, ainda assim fica aquém dos limites estabelecidos para veículos fabricados até 1979 (meu Puma é 1978). Que dirá os Pumas de 1980 em diante!
Por outro lado, alguns, inclusive o Felipe, já disseram que seus Pumas passaram sem problemas na inspeção veicular a que foram submetidos.
Fico agora com 3 dúvidas:
- Sabemos que ambos os Pumas do Felipe, o GTE e o GTS, possuem PP e, estariam isentos, portanto, da inspeção. Curiosidade: esses Pumas foram submetidos à inspeção veicular por livre e espontânea vontade?
- Os demais Pumas, não PP, que foram submetidos e aprovados na inspeção veicular, como isso aconteceu, especialmente e principalmente os Pumas fabricados a partir de 1980?
- No que se refere à emissões apenas, a receita do Irineu de empobrecimento da mistura para fins de inspeção veicular funcionou em algum caso?
JM e Fabio,
Eu concordo com a inspeção veicular para todos os veículos, mas tem que haver critérios com base mais sólida. Tomando por base que os veículos mais antigos são minoria, poderia haver um critério específico, analisando mais o veículo em si, suas condições de conservação e se está queimando óleo. A mistura da queima de combustível ficaria em segundo plano, sendo banidos apenas os excessos. Precisamos nos movimentar nesse campo da poluição, porque daqui dez anos a coisa vai ficar insuportável nas grandes cidades.
Sandro,
Me desculpe, mas eu nunca falei que meus carros passaram na vistoria veicular, mesmo porque eu não pagaria a taxa de R$ 56,00 só para saber um dado que já sei o resultado: não passaria. Os valores que eles adotam, os veículos mais antigos passam na alta rotação, mas na marcha lenta dão excesso. Isso se deve ao fato que nos motores carburados, a mistura da marcha lenta deve ser mais rica para manter o veículo em rotação suficiente para sair da inércia, pois o processo de injeção de combustível na camara de combustão é mais lento que no sistema de injeção eletrônica ou direta.
Empobrecer a mistura é a solução para passar na vistoria, existem oficinas em SP que possuem o aparelho igual do Controlar (quem faz as inspeções) e eles empobrecem a mistura até o nível para passar na vistoria, o carro vai até o local da inspeção, falhando, cuspindo, ruim de andar, mas passa. Depois volta e a oficina regula novamente para os níveis corretos. O problema que isso custa R$ 200,00. Isso se o veículo estiver todo em ordem nos quesitos escapamento, pneus, lanternas e faróis, limpadores de para-brisa, etc. Essa formula comprovadamente funciona, ouvi relatos dessa operação, como também tive depoimentos de alguns veículos que foram e não passaram na marcha lenta. Hoje esses carros estão com placa preta.
Felipe, acho que me enganei.
Eu me lembro que alguém no Yahoo! PumaClube respondeu uma mensagem (e-mail) que seus Pumas passaram sem problemas na inspeção veicular e minha memória me pregou uma peça, pois tinha fixado que essa pessoa teria sido você. Sorry!
Vou pesquisar quando tiver um tempo em mensagens mais antigas por lá depois.
Seria justo que o senhor Aluizio Proença de Lemos, diretor técnico do Fusca Clube do Brasil, citasse a fonte do texto que serviu de base para sua carta. Ela está aqui: http://www.streetcustoms.com.br/revistas-carros/noticias/inspecao-veicular-contra-carros-antigos.html .
Rogerio,
Obrigado, fica o registro da fonte na publicação.
A inspeção está um saco... tenho um Itamar 94 lindo, a álcool, com preparação speed. Fiz 2 vezes a inspeção: na primeira, estava com filtros esportivos, sem respiro, sem catalisador e com giclês maiores. Adivinha... pau.
Na segunda, já com catalisador, respiro, filtros tipo original e giclês originais do Solex, pau de novo. Na alta índice 0,01 de CO e na lenta 4,78, quando o limite é 3,00. Agora tenho que pagar de novo e fazer outra, com os carburadores originais; meu mecânico garante que passo. Acho que todos os clubes deveriam se unir, e tentar criar uma categoria de carros de lazer, destinada a veículos que apesar de não terem PP, não podem ser considerados como veículos de uso diário e portanto não vão poluir como os veículos normais. A categoria poderia incluir de tudo, fuscas, hots, carros originais de pelo menos 15 anos de uso e em bom estado de conservação, etc.
Obrigado, Felipe! Aproveito para avisar: a Rod & Custom 14, com a matéria criticando e apontando as falhas e abusos da Inspeção Veicular, já está nas bancas! Vale a pena conferir!
http://www.streetcustoms.com.br/revistas-carros/noticias/rod-custom-14-chega-as-bancas.html
Rogério,
Interessante a matéria na Street Customs. Em um momento ele fala sobre a nossa gasolina que agora tem álcool, mas isso é um erro, porque nossa gasolina tem álcool desde 1975 ou 76. Isso pouca gente sabe, mas na crise do petróleo da década de 70, o nosso governo começou adicionar álcool na gasolina, em níveis mais baixos e foi subindo até os vinte e tantos atuais.
Nelson,
Sua ideia é muito boa, pena que precisamos de um político com coragem para apresentar um projeto e lutar por ele, que vai contra uma farta fonte de arrecadação.
A nossa gasolina tem álcool a muito mais tempo. Durante a II Guerra Mundial, no primeiro governo Vargas, ela chegou a ter mais álcool do que hoje. E, em 1970, ela já tinha álcool misturado em SÃO PAULO, devido a grande quantidade de usinas existentes no citado estado. Isso é um fato.
Senhores concordo que esta inspeção é um caça-níquel para a prefeitura e para a $$controlar$$. Tenho um Puma GTE 1979 e um Bianco S 1979. Na certeza de que não passarão na vistoria não sei o que vou fazer. Penso em três hipóteses: vender como sucata, partir para a clandestinidade ou queimá-los em praça pública como protesto (fico imaginando quantos anos de emissões equivalem a um incêndio). Sugiro que bombardeemos o site da $$controlar$$ com perguntas até que alguma providência seja tomada ou o site saia do ar inviabilizando este procedimento arbitrário e impensado a que somo sujeitados.
João Paulo,
Não tome nenhuma atitude drástica, para quase tudo tem solução e essa está dentro do quase.
Se seus carros não conseguem placa preta que está isento da vistoria, a solução é transferir da cidade São Paulo, isso pode, pelo menos por enquanto.
Segundo o professor Luiz Carlos Molion, representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial e pós-doutor em meteorologia, as medidas para a reduzir as emissões de carbono, como aqueles advindas de controles como a Inspeção Veicular Obrigatória realizada na cidade de São Paulo, não vão produzir efeito no clima mundial. “O gás carbônico não controla o clima global”, garante. A quantidade de carbono lançada pelo homem é ínfima, é irrisória, se comparada com os fluxos naturais dos oceanos, solo e vegetação. Para a atmosfera, saem 200 bilhões de toneladas de carbono por ano. O homem só lança seis. O professor, devido ao fato do gás carbônico ser utilizado pelas plantas para fazer fossíntese, considera o mesmo como o “gás da vida”. Veja aqui a entrevista de Molin: http://www.streetcustoms.com.br/revistas-carros/noticias/reduzir-co2-expelido-pelos-carros-e-motos-nao-impede-aquecimento-global-diz-meteorologista.html
No terreno legal, segundo a Constituição brasileira, promulgada em 1988, "todos são iguais perante a lei". E eu cito:
"TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)"
Assim, não é legalmente aceitável que o dono do carro com motor de dois tempos ou
com placa preta seja dispensado da inspeção e os outros não. O princípio da igualdade é ferido. Isso, por sí só, já abre o precedente necessário para que os interessados entrem com ações na justiça contra a inspeção, ainda mais porque ela é regional e não nacional. acompanhem o desdobramento da luta contra esse embuste lendo a revista Rod & Custom!
Sou proprietário de uma Puma GTC 83,ela está c/ 65.000 km, toda original, foi reprovada na inspeção veícular de SP. O veículo encontra-se na oficina para reparos, foi feito serviço no cabeçote, troca de anéis, e mesmo assim os índices estão acima das normas da Controlar. O que fazer ??
Mário Tadeu.
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