Escola Italiana (3)

Nas publicações anteriores falo da escola italiana sobre o desenho e tendências da época. Aqui sobre o Puma GT4R e aqui sobre o Puma "Tubarão".
Hoje trago a foto de um Ferrari publicada no Autoentusiastas sobre o Festival of Speed em Goodwood, por Marco Molazzano. O Ferrari 250 GTB em primeiro plano lembra muito o Puma GT DKW nos para-choques cortados e bastante GT Malzoni nas lanternas dianteiras, além é claro de toda a linha do carro arredondada com faróis encravados nos para-lamas e cobertos por bolha acrílica.
Sempre os estúdios de ponta ditam uma tendência, por investirem nos projetos e porque são bons mesmo. Sabemos muito bem que os melhores estúdios de desenho automotivo estão na Itália e que fizeram escola pelo mundo todo. Na época da criação de Rino Malzoni, seus estudos eram focados nos líderes italianos, assimilando formas e detalhes de criação dos professores. E assim nasceu o GT Malzoni. Dois anos mais tarde, Rino Malzoni fala para seu grande amigo Anisio Campos redesenhar o GT Malzoni que nasceu para as pistas e não era tão apropriado para o uso diário. Rino deu liberdade total a Anisio, que seguindo seu mestre, se apoiou na escola italiana para reformular o desenho. Claramente vemos nos novos para-choques do Puma DKW, uma leitura dos para-choques do 250 GTB. Já as lanternas dianteiras, Anisio sempre muito criativo, usou as lanternas do Fissore (outro estúdio italiano) para dar mais modernidade ao projeto. O vigia traseiro integrado com as laterais que Rino projetou no GT Malzoni, devem ter sido baseados no Ferrari 250 Europa da década de 50, amplamente seguidos por muitos, inclusive pelos brasileiros Brasinca 4200 GT e Willys Capeta, que nem chegou a ser produzido. Para solucionar o espaço do porta-malas do GT Malzoni, que era ocupado pelo tanque de combustível, Anisio aumentou a traseira, dando uma nova caída para o vigia, harmonizando as linhas com o restante do desenho, assim criando um espaço para que o tanque ficasse deitado, proporcionando um espaço para bagagem. Com isso, a lateral traseira após a roda ficou muito comprida, que Anisio logo solucionou com um rebaixo, como se fosse uma saída de ar de freio, tipo a existente no Ferrari 250 GTO, minimizando esse efeito e também para aproveitar a colocação da tampa de combustível.
Por isso falo sempre, os desenhos obedecem tendências, não são cópias, porque quando se copia, normalmente não se consegue um resultado satisfatório, a não ser que seja cópia fiel em dimensões, mas aí é cópia nua e descarada. Mesmo utilizando as tendências o designer tem que ser bom para o resultado ser primoroso como foram os GT Malzoni e Puma GT DKW.