segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Dilema da Pequena Montadora no Brasil

Por Newton Masteguin - Diretor Superintendente da Chamonix Indústria e Comércio Ltda.

Nossa empresa se voltou ao mercado externo porque existe uma maior cultura automobilística (eles sabem a história das marcas e curtem as réplicas), os mercados são mais maduros e o cliente compra o que gosta sem intenção de revender algum dia (muito embora nossos produtos têm um alto valor de revenda).
O nosso mercado evoluiu muito e tem mais ainda a crescer e se diversificar, mas houve uma onda grande de descontos em muitos modelos (exemplos New Beetle, Mini Cooper, Smart, Harley Davidson, etc, etc), pois as montadoras, com a crise se focaram em Brasil e China principalmente que hoje é o maior mercado de Ferraris, Lanborghinis, etc.
Num ambiente onde as grandes montadoras estão dando descontos desesperados e mesmo os seminovos concorrem, pois muitos clientes em vias de perder os imóveis nos EUA, colocaram tudo a venda por qualquer preço.
A isso se soma à política econômica que visou à manutenção do Real forte até como forma de controlar a inflação.
Ficamos com um cenário assim: moeda e impostos favoráveis à importação, custos crescentes via impostos internos e “custo Brasil”, mercados recessivos externos, inflação de matérias primas pelo aumento de consumo doméstico, pequeno mercado interno.
Os impostos são altos e as pequenas empresas, mormente nesse ramo, não tem os mesmos recursos de aproveitar descontos ou abatimentos ou ainda recuperação de créditos como as grandes, nem poder de barganha (trocas de produtos como, por exemplo, via México), nem escala para comprarmos com descontos as peças.
As montadoras têm melhores preços em componentes, mas seria simplista demais criticar e dizer que tem lucros astronômicos, essa é uma industria complexa, que envolve centenas de fornecedores, milhares de componentes e milhares de trabalhadores, com concorrência feroz e ameaças cada vez maiores vinda do exterior, onde os desafios são diários, o consumidor mais exigente e os níveis de qualidade crescentes, ou seja: os investimentos têm de ser constantes ou se perde mercado.
Até mesmo o Eike Batista teve de parar a JPX.
Existem outras montadoras pequenas nacionais e algumas em nichos interessantes como a Marcopolo (fabricante de ônibus), Agrale, TAC, etc.
Quanto ao fato dos impostos serem altos no Brasil, isso não se refere somente aos automóveis, mas desde o mais básico alimento, em média, na cascata em que se sobrepõem eles chegam a mais de 60% do valor final de quase qualquer produto e isso é uma discussão para a sociedade como um todo (pagamos e o que temos em troca??).
Reclamamos dos pedágios, mas se a estrada é boa, ali vemos a aplicação de nosso dinheiro, mas no caso dos impostos, não vemos boas escolas e um serviço de saúde que nos permitam utilizar os oferecidos pelo Estado.
Da parte da Chamonix, a melhor alternativa foi darmos essa parada e esperar pela estabilização, o nosso trabalho de 23 anos está aí para ser visto, curtido, amado ou criticado, mas tenho certeza de termos feito nosso melhor, servimos de exemplo e inspiração para alguns e espero que outros surjam em breve, pois isso só melhora o mercado, mas que trabalhem direito, com os melhores componentes e voltados para a qualidade e satisfação dos clientes.
Attn
Newton Masteguin

18 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Newton,

Tudo bem justificado! Talves seja hora de conquistar um bom parceiro e seguir em frente:

- "...uma empresa com essa história, com esses líderes, é sempre mto bem valorizada, pois clientes já foram conquistados e um 'nome forte' foi estabelecido."

Grande abraço,
Ronaldo

Mario Estivalet disse...

Que "melda".
A história continua se repetindo neste país. Romi, Puma, Gurgel, dezenas de pequenos outros fabricantes. Admiramos os Estados Unidos com sua enormidade de kit-cars, modelos artesanais, hots, etc, mas aqui é isto que se ve. O país não valoriza seus produtos, só quer importado.

O Newton e seu pai Milton (Puma) tem uma história impar na fabricação de automóveis no Brasil. O Puma foi a prova de que dá certo. O Chamonix (tenho um) é um carro fantástico, fascinante, acabamento de primeira, comportamento exemplar, e com praticamente toda sua produção exportada. É considerada a melhor réplica no mundo.
Até quando vamos continuar com isto. Até quando em vez de reduzir impostos, vamos continuar pagando bolsa familia, vale transporte, bolsa gaz, agua com tarifa social, minha casa minha vida? Consertar rodas porque nossas ruas e estradas continuam uma desgraça. Até quando vamos pagar impostos e colocar nossos filhos em escola particular, colocar alarmes em casa, contratar segurança particular, pagar planos de saude, ipva+pedagio. Enquanto isto, empresarios, investidores, entusiastas fazem das tripas o coração para se manter, suam, sofrem, carregam uma enorme carga nas costas, e depois tem que ouvir que isto tudo "é obra do governo".

Newton, espero de coração que seja uma parada temporaria. A Chamonix pelo que representa não pode parar.

Anônimo disse...

Realmente , é lamentável !!!

Ricardo

Felipe Nicoliello disse...

Mário,
Sua revolta é a mesma minha, aliás nem preciso falar, somos como irmãos, com o mesmo pensamento e gosto. Você é meu irmão mais velho, bem mais velho! rsrsrs

Luis Fernando disse...

Que a Chamonix retorne logo as suas atividades, pois tem o sonho de ter um na minha garagem um dia.

Mario Estivalet disse...

Puxa Felipe, não sou tão mais velho assim!!! Voce está com bem mais cabelos brancos que eu..... (que sou careca.... ehehehe).

smarca disse...

De minha parte apenas tenho a dizer que certa vez, tem uns 2 anos, enviei um
e-mail para a Chamonix a respeito de uma dúvida técnica, cuja solução poderia
ajudar no meu Puma.

Uma solução para um carro da marca Puma que, teoricamente, deveria ser algo de
interesse dos seus criadores. Teoricamente.

Até hoje estou aguardando uma resposta, nem que seja para dizer "Sinto muito,
mas informamos não poder ajuda-lo."

E se eu fosse um potencial cliente interno?

Isso não interessava. Acho que apenas os clientes externos.

Então, sinceramente, não vejo como uma empresa assim possa dar certo. Era só questão de tempo.

Atendimento ao cliente (ou ao potencial cliente): nota zero!

Anônimo disse...

Scusi amici,

Estive lá com o nosso 'Jorge Lettry' ...em 2006:

- "...vi lá a 'extrema e eficiente economia'(*) gerenciada p/ Newton em sua firma, coisa de executivo muito focado em resultados reais e imediatos!"

(*)seria algo como uma mui
'pequena fração' de uma Puma de 1979, aguardaremos o 'próximo round'!

(Ronaldo)

Felipe Nicoliello disse...

Sandro,
Se você tivesse reclamado de um produto Chamonix, até lhe daria razão, mas sobre Puma...
Muitos casos, o Newton mandava para mim e pedia a gentileza de responder ou ajudar. Não é porque o pai dele foi dono da Puma, que ele poderá responder por tal. Na Chamonix o pai dele era apenas um colaborador/conselheiro e nos últimos anos nem isso mais fazia, devido a problemas de saúde.
Não concordo com você, porque conheço o Newton e é um empresário exemplar, até demais, talvez por isso tenha paralisado a produção, para não correr o risco de cair a qualidade para cobrir os custos.
Pode ter acontecido do e-mail ter se perdido, isso acontece, não é uma carta registrada com AR, porque no mínimo vinha parar na minha mão ou talvez eu seja o culpado, pode ter vindo e eu nem respondi... Isso pode ser sim, quando vi SMarca, iiiiiiihh, tô fora! Brincadeira viu! Mas que eu perco muitos e-mails por falta de tempo de ler as centenas que chegam, isso acontece mesmo, por isso gente, se não vier a resposta dentro de um mês, mandei de novo!

smarca disse...

Ihhh ... o smarca de novo, hehehe.

Felipe, louvável assumir uma meia culpa por um amigo, mas o e-mail certamente não foi encaminhado para você, pelo simples fato de ter perguntado sobre as medidas de uma certa peça e onde/como poderia adquiri-la.

Não importa se eu a utilizaria num Puma ou num liquidificador Walita.

O que importa é que solicitei as medidas da peça, o custo de aquisição e como poderia compra-la, se diretamente da Chamonix ou de alguma revenda.

O atendimento é ruim mesmo.

Ou melhor ... era!

Anônimo disse...

O Newton ñ era executivo(*) de ficar agradando muito os visitantes.

(*)Lógico, diferente do 'Milton', de 'estilo mais carismático' e q fazia questão de acompanhar visitas e demonstrar como a fibra era resistente, nos anos 70 e 'eu de testemunha ocular':

- "...uma 'marreta de madeira' -de menos de 1kg e cabo bem longo!- era usada em seus testes práticos."

Certa vez um visitante mto abusado levou 'a peito' o teste e...:

- "...foi logo dando um pequeno ângulo no tal 'martelão' e baixou a lenha -de quina!- com mta força por sobre um velho e já mto surrado capô dianteiro."

Estrago feito... o próprio
"agressor-visitante" reconheceu q foi demais... e num capô de chapa... -hum!- melhor nem pensar.

Mas, continuando minha visita na fábrica, com o Lettry: ...tivemos liberdade geral e total.

Como o ambiente já era de preocupação com
os seus negócios no mundo todo, logo batemos em retirada.

Mas a atenção do Newton foi de carinho conosco: 'um executivo real e sempre mui presente'!

Obs.: O Newton estava no escritório com o seu representante na Europa q... -em inglês!- renegociava alguns contratos com clientes. Isso -lógico!-é sempre mto estressante e reflete o valor q o cliente deposita no produto naquele momento. E havia problemas com o câmbio, dólar... muito complicado.

(Ronaldo)

Felipe Nicoliello disse...

Ronaldo,
Bela História.
Sandro,
Melhor não receber resposta nenhuma do que ouvir idiotíces ou desculpas esfarrapadas, como tantas que ouvi da grande montadora francesa Peugeot, que não conseguem explicar a má qualidade dos materiais utilizados e defeitos em seus produtos, quem dirá sobre medidas de uma peça...
Vc vai me desculpar, mas neste caso vc está sendo crítico demais, porque nunca ouvi alguém reclamar da Chamonix. Pelo menos faziam suas obrigações mínimas, ou seja, exemplar no atendimento ao cliente.
E olha que conheço bastante gente e alguns proprietários Chamonix.
Não ganho nada em defender o Newton, mas ganho em defender meus conhecimentos de causa e minha opinião. Se alguém vier falar mal da qualidade da CBP (fabricante anterior do Super 90), vou ficar quietinho, apesar do falecido João (dono) ter sido um amigo bem mais próximo que o Newton.

Anônimo disse...

Hi together,
great cars, good manufacture but bad behavior of Newton Masteguin who cheated and betrayed his customers due to the actual process of become insolvent.
Get the money and do not deliver as promised!

Mike

Anônimo disse...

Se me permitem; gostaria de participar desta discussão sobre a administração da Empresa Chamonix.

Lembramos que a Familia Do Sr. Newton, por vários motivos, deixou escapar a Marca Puma, fazendo com que muitos proprietários na época ficassem preocupados com a garantia do veículos já comercializados.

Pois bem; agora o mesmo ocorre com a réplica deste lindo veículo.

Sabemos que; em épocas de crise, se queremos manter a Empresa em funcionamento, ou lançamos um outro produto ou partimos para um parceria.

Por que menciono ist; sou de Sta. Catarina, e nos encontros dos PUMEIROS da região, comentou-se que a Familia que tem os direitos da Marca PUMA no Brasil, fez contato com a Empresa CHamonix com o intuito de negócios, e não obtiveram qualquer retorno.

Provando mais uma vez, que fabricar veículos no Brasil, é coisa de gente grande(R$R$R$R$R$R$).

Felipe Nicoliello disse...

Mike,
I do not know anything that might tarnish the name Chamonix. If you want direct contact with the company president, I provide for you.
"Eu não sei nada que possa manchar o nome de Chamonix.Se você quiser contato direto com o presidente da empresa, eu forneço para você"

Anônimo de Sta. Catarina,
A família Masteguin não era a dona da Marca Puma, apenas o Sr. Milton Masteguin e seus sócios, que venderam a marca, a fabrica, o ferramental e tudo da Puma para Araucária S.A., como qualquer empresa faz. Além disso o Sr. Milton vendeu até a sua residência para saldar as dívidas com empregados. Se ele foi incompetente ou não, precisamos saber da história completa e seus detalhes para julgar, mas o grande problema da Puma foi administrativo e ele talvez tenha errado, por não ter ficado mais encima dessa administração.
E mesmo assim a Puma não abandonou todos, como muitas multinacionais fizeram aqui no Brasil, indo embora e peças nunca mais. A Puma deixou seus fornecedores e concessionários com material e autorização de comercialização de peças.

Quanto aos atuais direitos da marca Puma, a história é repleta de folcore. Se eu tivesse paciência de digitar, contaria umas cinco ou seis para vc, mas só contarei a única verdadeira: Os herdeiros da Araucária S.A. foram procurados pela Ford nos anos 90 para a compra da marca, pois queria lançar aqui o Ford Puma, concorrente do Chevrolet Tigra na Europa. Os herdeiros pediram um valor tão alto pela marca no INPI, que nem a Ford se interessou, abortando o lançamento do carro, logo após o Salão do Automóvel, onde apresentaram ao público, com os logotipos Puma tampados.
Então meu caro, como diz o provérbio popular "quem conta um conto aumenta um ponto" e as vezes altera o conto.
Não podemos esquecer que a Chamonix não faliu, não ficou devendo nada para ninguém e não trabalhava para o mercado interno. Se alguém pode se sentir prejudicado com a paralisação da fabrica são os europeus, americanos e orientais, aí eles vão se queixar com quem fez a crise em seus países!
A Chamonix provou sim que no Brasil fabricar automóveis é para gente grande, porque só os grandes são ouvidos pelos nossos governantes.
E é menos uma fabrica brasileira, mas merecemos mesmo, temos que continuar comprando produtos importados ou das mãos dos estrangeiros e assim vamos seguindo há mais de um século.

Anônimo disse...

Alguem saberia dizer aonde ficaram os equipamentos para montar os carros?

Tem um foto no site do Puma Clube de Curitiba, que mostra a empresa abandonada (dá dó!!!), inclusive com diversos documentos esparramados pelo chão.

E os moldes, ferramental, etc... ?????

Anônimo disse...

Boa pergunta; quem estaria trabalhando com estes moldes. Eu mesmo teria interesse em reformar um puma 74, mas só achei picareta na praça. Uma observação sobre FORD x PUMA: garanto aos Srs. que em momento algum a FORD fez propostas para os proprietários da marca no Paraná, o que tinha na época, era uma reportagem da Revista Quatro Rodas em que o Diretor da Ford reconhecia a empresa Alfa Metais como detendora da Marca Puma no Brasil e se fosse necessário eles iriam fazer contato.

Podem acreditar; esta versão é a verídica.

Ivan.

Felipe Nicoliello disse...

Anonimo,
Essas fotos já foram publicadas aqui e sua pergunta respondida em diversos comentários. Sumiram com tudo, mas se no meio daquilo tudo tinha os moldes do Tubarão, eu não sei, acredito que não, já deveriam ter jogado fora há muito tempo.

Ivan, a história da Ford é comentário de um dos herdeiros, se ele falou a verdade, ou se ele nem falou nada, isso nunca saberemos. Mas que a Ford abortou o projeto por causa da marca, isso eu tenho certeza, como também vi o Ford Puma naquele Salão com os logos tampados com fita.