terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Placas de licença no Brasil

A história das placas de licença brasileira não é muito extensa, por ser um país jovem na motorização dos brasileiros, não teve muitas mudanças. Mas uma placa chama muito atenção por ser pouco conhecida, afinal durou pouco tempo e somente quem viveu em São Paulo no final da década de 60 pode lembrar.
Quando o meu mestre Ronaldo Brochado me enviou hoje a foto da reportagem do grande Karl Ludvigsen, algo me chamou atenção. A tão buscada foto da placa com uma letra estava lá no Puma GT DKW. Existem vários sites que falam sobre as placas de automóveis, mas em nenhum existe a foto da placa com uma letra e estava na nossa cara, na família Puma, com o pai das fotos Puma: Karl Ludvigsen.
Tudo começou com a placa número 001 que foi do Conde Matarazzo, assim como as placas 003 e 004. As placas eram negociáveis e as pessoas podiam vendê-las, porque a placa pertencia a pessoa e não ao veículo. Era muito raro nos anos 60 vermos um carro com a placa de uma centena, quando víamos era uma festa. Um pouco mais comum, a placa com a milhar ainda era para poucos. O mais comum eram as placas com três dezenas, as placas normais, mas se fossem repetidas as dezenas, já valiam dinheiro. O nosso Puma GT 1968 que estreou nas revistas tinha a placa 11-58-26, na cor laranja médio.
No Puma GT 1969 vemos bem a cor da bonita placa 23-23-35.
Em 1969, devido a aumento da frota, principalmente nas grandes cidades, as numerações das placas estavam acabando. Começaram a colocar mais uma unidade junto com as três dezenas, como era início o número 1, formando uma unidade e três dezenas. Veja a foto do GT Malzoni abaixo. Mas a placa estava ficando muito grande, de difícil leitura e marcações pelo agente de transito. Aí veio a ideia de colocar uma letra junto com as três dezenas. Inicialmente seria a primeira letra de cada cidade e a experiência começou em São Paulo, com a inclusão da letra "S" antes das dezenas. A cor também mudou passando para amarela. Então sabíamos que carro com a letra "S" era de São Paulo, isso foi no início de 1970. Veja a foto do Puma GT DKW, o "S" era maior que o os números, coisa muito esquisita. Os veículos com as placas antigas de unidade, centena ou mesmo milhar continuavam com as mesmas.
Eu tinha meus 15 anos e já questionava a solução, não acreditando que funcionaria. Dito e feito, não deu certo e lá foram os proprietários trocar novamente as placas, agora para duas letras e quatro unidades. Muitos ficaram revoltados com a incompetência, porque já deveriam ter feito uma solução definitiva. Interessante era a plaqueta de licenciamento (ao lado das letras, somente na placa traseira) trocada todos os anos, para as autoridades saberem que o veículo foi licenciado, porque cada ano era de uma cor. Uma forma de faturar... Assim como o modelo da placa, como nesse Puma GTB com placas de ferro que enferrujavam...
... Mas já tinha a opção de placas de alumínio, como o Puma P-018 do irmão do meu amigo Edson.
Existia um problema, as placas eram estaduais e poderia existir a mesma placa em diversos Estados, mudando apenas o nome da cidade. Para um país continental eram uma grande confusão nas transferências de domicílio. Mas a vida continuava com as vistorias anuais.
Depois de tanta reclamação e falta de condições para atender toda a frota, resolveram abolir as plaquetas de licenciamento anual. As placas traseiras diminuíram e já não ostentavam mais a famigerada fonte de faturamento dos quebra-galhos de vistoria. Os veículos deixaram a obrigatoriedade da vistoria anual, a fiscalização seria feita nas ruas.
O amarelo da placa foi ficando cada vez mais intenso.
Até acabarem as letras nas maiorias das cidades brasileiras em meados de 1992. Uma nova resolução surgiu, agora com três letras e quatro números, em âmbito nacional, ou seja a numeração da placa de cada veículo é única no país inteiro. A cor passou a ser cinza depois de muita discussão sobre o assunto, para saber qual era o tipo mais visível. Hoje estamos com a placa cinza na letra inicial "N" e não acredito que vá durar muito tempo. Logo estaremos na letra "Y" como o Puma que exemplifica a matéria. Aí vai ser nova ladainha, porque se tivessem colocado três letras, três números e uma letra, a quantidade de combinações seria infinitamente maior, mas pergunto: para quê? Temos que girar o comércio de placas e taxas de lacração.
E por fim, os donos das valiosas placas com números baixos ficarão apenas com o troféu na estante, já que tiveram que trocar suas placas por duas vezes.

22 comentários:

Sergio Tempo disse...

Felipe, complementando as placas de 3 letras e 4 numeros, primeiro foi na cor branca e pouco depois passou a ser cinza (atuais), pois as brancas são para carros oficiais
abs

Anônimo disse...

Registrando a pronta resposta de Karl:

- "That’s wonderful! Thanks everybody!


I didn’t take the photo; the Puma folks must have given it to me. But it made a wonderful lead to the story!


Very best to all Puma friends and fanatics,

-- Karl L.

Karl Ludvigsen
Scoles Gate, Hawkedon
Bury St Edmunds
Suffolk IP29 4AU, UK
+44 (1284) 789246
kel@ludvigsen.com
www.karlludvigsen.com"

(Conhecí Karl na Puma, anos 74/75,
sempre com um jaleco de fotógrafo, c/ mtos bolsos p/ pôr os filmes, etc,
Ronaldo)

Anônimo disse...

Em tempo:

- "Karl comenta q ñ tirou esta foto, algo q ficou no folclore da Puma, mas q isso acabou sendo positivo historicamente!"

Nota: 'story = estória', ...caso, 'case', ...mas agora já virou história mesmo.

(Ronaldo)

Rui Amaral Jr disse...

Felipe,no meu primeiro carro herdei uma placa de minha mãe 2993 sem letra, lá em casa tinha 6422, e meu pai tinha uma de três números.
Lembro do Conde F. Matarazzo com a placa 1.

Abs

Rui

F250GTO disse...

Lembrando que no inicio do emplacamento com duas letras, ainda era possivel para quem tivesse as placas de 1 a 9999 permanecer com as mesmas e foi designada a serie AE.
Mas o Matarazzo não concordou e ficou por um bom tempo com dos Cadillacs com as placas AA-0001 e AA-0010.
Mas logo as placas foram desvinculadas dos proprietarios e passaram a ser dos carros.
E em 90/91 as placas passaram a ser cadastradas junto com o RENAVAM, portanto, nascem e morrem com os carros.
Só estou encucado como esse Y foi parar nesse Puma do RJ.
As series do Rio vão de KMF 0001 a LVE 9999.
E a ultima serie de emplacamento é do Estado do Amapá, com a placa NFB 9999.
Romeu
Romeu

Felipe Nicoliello disse...

Sergio,
Isso em Curitiba, a primeira cidade com as placas de três letras, porque nos outros locais já chegaram cinza.
Ronaldo,
Quer dizer que a diretoria da Puma deu a foto para o Karl? O cara que fotografou era tão bom quanto o Karl.
Rui,
Que honra ter placas tão especiais na família.
Romeu,
Boa complementação da matéria.
A placa do Puma 1969 é fotomontagem que eu fiz para ilustrar o fato de logo estaremos com essas letras nas placas. Também eu não queria por nenhuma placa cinza verdadeira, para preservar a identidade de seu proprietário, infelizmente não tenho nenhum carro placa cinza, porque sendo meu eu coloco sem problemas.

F250GTO disse...

Felipe, voce está ficando bom nisso, hein?
Desde já voce está contratado para esse "servicinho" nos meus dias de rodizio...rs
Romeu.

Anônimo disse...

ola felipe.o mundo é pequeno mesmo.outro dia tentava eu descobrir qual era o espelho do meu p018 ja que o mesmo esta com o espelho do chevete ou monza 81ou82.ai vejo esta foto antiga com o mesmo espelho será que eu posso considerar correto? um abrasso. gesnei de petropolis.

Felipe Nicoliello disse...

Falou Romeu.

Gesnei,
Não porque nessa foto o espelho havia sido trocado. Era comum trocarem os espelhos no Puma P-018 e Puma GTB S2, por serem muito ruins os originais, que fechavam em alta velocidade. Aí colocavam o do Chevette que se encaixava perfeitamente.
Veja a matéria sobre espelhos Puma:
http://www.pumaclassic.com.br/2009/04/espelho-puma.html

Anônimo disse...

Felipe
Muito legal a matéria.
Como um jovem doa anos 70 , presenciei alguns fatos que vc narrou.Meu primeiro carro (fusca 67)
já tinha placa com duas letras e quatro digitos . Quando comprei meu
Puma (1978), a placa era de aluminio
e amarela bem forte.Atualmente ostenta as obrigatórias .
Recordar é viver e aprender !
Abraços.
Walter Ramos

Felipe Nicoliello disse...

Se é Walter, e como é bom recordar.

Anônimo disse...

Felipe,
Acho q/o Karl ñ vai voltar ao tema,
pois até já passamos -c/ele, Karl!- p/outros vários temas.

Confesso que eu até já estava ficando bem curioso.

(Ronaldo)

EGO's disse...

Felipe o espelho do da foto P018 é o modelo "Baby Turbo" fabricado pela Metagal nos anos 80/90. Foi retirada a base e fixado só o suporte com a esfera no furo do espelho original do Puma com o acabamento de borracha tipo sanfona, isto dá a impressão que é o espelho do Chevette

Felipe Nicoliello disse...

Grande Edson,
Você tem total razão, vendo detalhadamente percebi que não era do Chevette pelos cantos arredondados.
Desculpe não percebi, mas também não vale, o P-018 era do seu irmão!!!

Anônimo disse...

BEM LEGAL ESTA MATÉRIA, MAS SÓ PARA CONSTAR PENA QUE A PLACA DO PUMA ACIMA YGT-0007 NÃO É DELE POIS AINDA NÃO FOI LIBERADA PELO DENATRAN ESTE SÉRIE DE PLACA, MAS COMO DECORATIVO FICOU LEGAL DESDE QUE ELE NÃO ANDE PELAS VIAS PÚBLICAS PARA NÃO TER SEU VEÍCULO NO PÁTIO PARA ESTRAGAR. .....

Felipe Nicoliello disse...

A placa verdadeira desse Puma foi modificada, como sempre, foram colocadas as letras somente para ilustrar, já que não publico a placa de ninguém, somente a do meu Puma.

Unknown disse...

Gostaria de saber sobre essa placas. Porque tipo quando mudou a lei,cada estado colocou um letra antes da outras duas letras já existentes na placa?

Felipe Nicoliello disse...

Keyssin,
Antes de existir as letras, as placas eram somente números em todo o Brasil. A placa com apenas uma letra, foi uma experiência apenas em São Paulo, que não deu certo. Depois entraram as duas letras e quatro números e cada Estado tinha sua numeração, podendo ser encontrada a mesma placa em SP ou no Rio de Janeiro, apenas mudando a tarjeta de identificação da cidade.

Unknown disse...

Felipe,
Nos anos 1969 e 1970, no estado de São Paulo, as placas eram realmente confusas. Existiam as placas com apenas o "S"grande e eram usadas com vários algarismos e somente na capital, como a foto do Puma do Karl, e no interior, elas tinham o "S" grande e um "p" ou "t" pequenos e variavam de cidade para cidade (acho que usavam mais letras minúsculas além do "p" e do "t"). Meu pai emplacou um Opala 1970 com a identificação Sp.123 e depois transferiu a mesma placa para uma Veraneio 1971 - quer dizer, a placa era do dono e não do carro! Tenho fotos tanto do Opala como da Veraneio. Mas tivemos também um Opala com placa Sp.14235 se não me engano, e esses tres carros eram de Presidente Venceslau, em São Paulo. Vale como curiosidade.

Felipe Nicoliello disse...

Caro amigo,
Obrigado pela valiosa contribuição. Realmente essa fase transitória foi muito confusa e não durou muito.
As placas eram da pessoa, pois elas começaram com 001, que era do Comendador Matarazzo e quanto mais baixo o número, mais importante era a pessoa. Essa placas eram comercializadas, a pessoa poderia transferir para outra. Se a pessoa não queria a placa, não ligava e vendia o carro, poderia mandar a placa junto.

Anônimo disse...

Parabéns pela matéria. Gosto de colecionar as amarelas antigas, com ou sem letras. Alguém tem que não quer mais, eu interesso ok? Me escrevam: amarante@varginha.com.br. Abração.

Daniel Pardo disse...

Logo, logo essas placas cinzas também vão precisar ser trocadas, pois a combinação de letras de números dos estados está acabando.