A revista Táxi de circulação nos táxis especiais e comuns que atendem os aeroportos é dirigida a leitura de bordo. Sinceramente não conhecia e recebi um e-mail solicitando ajuda para a matéria. Como de prache não recusei, mesmo sem conhecer o título. Aí me mandaram um questionário para eu responder, que reproduzo abaixo. Todas as fotos exibidas na revista são do Puma Classic sem a marca d'água, assim como as consultas históricas e nenhum crédito. Até aí tudo bem é assim mesmo, não adianta esperar, mas o que me surpreendeu demais foi o por quê de tantas perguntas pessoais, se em nenhum momento da reportagem citam meu nome ou qualquer coisa pessoal. Vai ver que não gostaram da minha história...
Revista Táxi
1. Como você conheceu a marca Puma?
Através da Revista Fatos e Fotos de abril de 1968. Foi apresentado o Puma GT VW em substituição ao Puma GT DKW. Fiquei apaixonado pelas suas linhas, na época eu tinha 13 anos.
2. Como surgiu a paixão pela marca Puma?
Como eu morava no Ipiranga e vivia no Itaim-Bibi, onde meu pai tinha a empresa, sempre topava com algum Puma. No Ipiranga por ser o local da fabrica Puma e eles sempre levavam os carros ao Museu do Ipiranga para fotos, perto da casa dos meus pais. No Itaim era o mais famoso concessionário Puma, a Comercial MM, onde além dos Puma para venda e manutenção, tinham também os Puma de corrida. Como a paixão à primeira vista pelo protótipo de 1968, continuei adorando o automóvel esporte.
3. O que faz do Puma um carro especial?
Seu carisma é grande por causa do desenho e da fantástica mecânica VW que criou fãs pelo mundo. Associar a mecânica VW com um belo desenho foi a formula exata para criar adeptos até hoje em todo mundo. Por se simples e de fácil “preparação”, a mecânica VW que já ocupava lugar de destaque entre os jovens e mecânicos, juntou com o baixo peso e aerodinâmica muito boa para criar a formula do sucesso. O Puma foi grande vencedor das pistas brasileiras.
4. Como você adquiriu o seu primeiro veículo Puma?
Foi em janeiro de 2004 quando o amigo cirurgião plástico Bartuira resolveu voltar a andar com seu Puma.. O Puma GTE 1974 dele desde zero km estava parado há dez anos, quando levou para uma manutenção nos mecânicos amigos em comum. Quando vi o Puma lá depois de muito tempo sem o ver, fiquei alucinado e logo mandei um recado ao Bartuira se queria vender. Ele fez o preço e eu aceitei. No começo era para matar uma paixão de criança e passear aos finais de semana com minha esposa. Mas por influência do meu cunhado Jaymir, que freqüentava o meio do antigomobilismo, do qual eu tinha me afastado desde 1994, resolvi restaurar o Puma para levar a exposição de Águas de Lindóia, a pedido do Jaymir. A restauração não era para ser total, mas também por influência do meu filho e com sua ajuda, o Puma foi todo restaurado em 72 dias e colocado a placa preta, para em 21 de abril de 2004 estar entrando na exposição, da qual recebeu o Prêmio Esportivo da Década 70.
5. Você trabalha com esses veículos ou são apenas uma diversão para você?
Apenas uma paixão, minha profissão é paisagista. Comecei cedo a gostar de veículos antigos, os Hot Rod foram meu início, sendo que em 1975 comecei a colecionar Fusca da década de 50, em uma época que colecionar automóveis era somente para os modelos mais famosos ou que tivessem pertencido a personalidades.
6. Quais as principais características dos veículos Puma?
Bom desempenho com economia, estabilidade, posição de direção esportiva, baixa manutenção e ter a aparência de um verdadeiro esportivo italiano.
7. Nos dias de hoje como é a procura por veículos Puma?
Na Internet nos sites de anúncios de antigos ou no boca a boca de amigos.
8. Qual o valor estimado dos veículos Puma?
Depende muito do modelo, estado geral e ano. Quanto mais antigo é mais raro e caro. Um bom Puma o preço vai oscilar de R$ 15.000,00 a 35.000,00, podendo ir até os R$ 50.000,00 dependendo da raridade do modelo ou nível de restauração.
9. Entre os veículos existe algum modelo mais raro?
Hoje os mais raros são os primeiros: o GT Malzoni 1965 ou 1966 e o Puma GT DKW 1967, que variam de preço na casa dos 80 mil reais. Depois vem o modelo GT VW de 1968 a 1970, que podem variar de 15 mil sem restauração a 45 mil restaurado e original. Existem os modelos especiais, como o Puma GT 4R de 1969, que foram fabricados apenas cinco unidades, sendo três como encomenda da revista Quatro Rodas para ser sorteado entre os leitores da revista. Os outros dois eram para uso da diretoria da Puma, que acabaram vendendo os carros. Hoje, os três dos sorteios estão restaurados e os outros dois sendo finalizadas suas restaurações. Outro modelo especial é o Puma Rally 1972 a 1973, uma pequena série fabricada para homologação do veículo no Campeonato Brasileiro. Hoje apenas dois sobrevivem.
10. Qual a principal diferença entre um veículo puma e um veículo produzido por outras montadoras da época?
Na época o Puma era bem moderno, porque ele nasceu nas pistas e continha toda a tecnologia utilizada nos carros de corrida. Era leve, tinha boa estabilidade, usada rodas de liga leve (magnésio) e tala larga, não enferrujava por ser de fibra de vidro, bancos com reclinadores, painel completo de instrumentos, escapamento esportivo e muitas pequenas inovações. A mecânica VW era desenvolvida pela Puma, sendo que o Puma foi o primeiro veículo no Brasil com motor boxer a utilizar a dupla carburação, desde seu lançamento em 1968, muito antes da própria VW, que lançou a dupla carburação em seus veículos somente em 1975.
11. Os artigos colecionados por você referentes à marca Puma, serão futuramente utilizados em algum empreendimento?
Quem sabe um dia eu consiga escrever um livro.
A Puma foi o maior fabricante de veículos genuinamente brasileiro. Fabricou carros esportivos, caminhões 100 % nacionais (desde o projeto), exportou para quase todo o mundo e teve o primeiro projeto de veículo urbano também 100 % nacional, apresentado no Salão de 1974, o Mini-Puma, que não foi adiante por falta de incentivos governamentais. Sem falar nos projetos menores como o Puma Camping; indústria de resinas e derivados; projetos para a construção civil, etc.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
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5 comentários:
Que paciência Felipe! Haja!
Concordo com o Sandro! Repórter põe o que quer na notícia.
Odeio os noticiários quando as edições cortam o entrevistado sem concluir o raciocínio. E isso acontece demais!
Felipe
Apesar do seu desencanto com a atitude da revista , valeu muito a materia pelo banho de história e pelas particularidades que vc citou no tocante a marca Puma .
Isto não deixa de ser um instrumento para difundir a história de uma época em que nosso pais ainda era muito pouco desenvolvido e considerado nos meios internacionais.
Voce mais uma vez , não decepcionará os leitores de tal revista .
Abraços.
Walter Ramos
Sandro,
Minha paciência é oriental até virar paciência italiana. Estudei em colégio onde 90% eram descentens de japoneses e o sangue italiano somados ao sangue árabe, afloram quando o oriental acaba. rsrsrs
Stael,
Isso faz parte da profissão de jornalista que nem sempre é o culpado, quem manda é o departamento de marketing, em todas as empresas.
Walter,
Gostei muito da matéria porque não teve erros. Simplesmente achei curioso o fato da abordagem. Já falei da história Puma para muitos canais de comunicação e minha exigência sempre foi a correta história, antes de tudo, mas nunca tinha visto algo igual, não errar no enunciado e não falar nada daquilo perguntado.
Felipe,
Naquela matéria da 'Revista Exame', final dos anos 70, a jornalista -ainda hoje em atividade!- só colocou detalhes de interesse da revista, mas:
- "...ñ deixou de citar q/a PUMA era a 'única empresa nacional a assumir o design geral do produto', o q ñ era pouco."
Obs.: a Puma foi a única montadora convidada e era justamente p/ falar s/'design em geral' e 'isso' sobrou p/mim.
(Ronaldo)
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