No começo dos anos 2000, a placa preta era tida como algo dispensável, para ser mais claro, frescura de colecionador. Ao longo do tempo, os antigomobilistas começaram a entender a razão da Certificação do veículo, que, não podendo incluir equipamentos modernos obrigatórios em seus veículos antigos, o Certificado de Originalidade lhe daria esse direito de rodar sem os devidos equipamentos.
Aos poucos a placa preta foi ganhando importância e se tornou indispensável para veículos muito antigos.
Com a criação da Inspeção Veicular em São Paulo-SP, os antigomobilistas se mobilizaram para evitar ter que levar seus veículos a tal inspeção, principalmente colecionadores com grande números de unidades. Conseguiram a isenção para veículos de coleção, aqueles com Certificado de Originalidade, que dá direito a placa preta. Com isso, muitos correrão com seus carros para fugir da inspeção e a febre se espalhou até naqueles que nunca tiveram o intuito de ter um veículo colecionável. Basta ter um veículo antigo original, se associar ao um clube credenciado e fazer a vistoria para enfim, não ter que fazer a inspeção anual.
Assim temos hoje em São Paulo, acredito, a maior frota de veículos com placa preta. Quando as coisas tomam rumo do consumismo, as falcatruas começam aparecer. São muitos relatos de veículos que não poderiam ter placa preta e de ações do Detran de São Paulo para evitar os certificados falsos.
Os clubes discutem e analisam posições para frear as atitudes que visam apenas a certificação como instrumento para fugir das inspeções.
O Fusca Club do Brasil saiu na frente, como conta o meu amigo Lemos, Vice-Presidente da entidade:
O Fusca Club lançou a proposta para o Vereador Toninho Paiva e ele comprou a ideia. Foi criado um projeto de lei, que já esta em tramitação na Câmara dos Vereadores de São Paulo. Na próxima quarta-feira (hoje), o Presidente do Fusca Club terá uma reunião com os vereadores para discutirem o projeto de lei.
A placa preta terá que passar por re-vistoria obrigatória nos clubes emissores do Certificado de Originalidade, para ser feito o licenciamento anual.
Pelo jeito, se aprovada a lei, vamos ter mais falcatruas, agora anual. Isso não inibe os clubes criados apenas com o propósito de emitir certificados de originalidade, pior fator para a placa preta. A vistoria anual, vai gerar um custo maior para o antigomobilista, porque os clubes não farão isso de graça e se fizerem, irão cobrar uma taxa maior para certificação, afinal terão trabalho anual. As pessoas que alteram seus carros, continuaram a fazê-lo, dando aquele jeitinho de arrumar o carro para a vistoria anual.
Precisamos sim de consciência dos cidadãos, em não infringirem a lei, de respeitar o próximo, de não cometerem ações para levar vantagem, saber de seus direitos e principalmente de seus deveres. Furar a fila no transito, buzinar sem parar por irritação, não dar passagem ou forçá-la, estacionar em local proibido ou nas garagens dos outros, etc., etc., tudo isso é comum nas ruas brasileiras e são pequenas coisas que fazem o cidadão. Ao mesmo tempo, as pessoas não exigem seus direitos, a passeata pelos vinte centavos que virou passeata por tudo que está errado no país, acabou como ações de vândalos ou ladrões. O cidadão paulistano, em prol da precária frota de transporte coletivo rodoviário, se submete a horas no transito, porque tiraram um faixa de rolamento para criação das faixas exclusivas de ônibus e ninguém fala nada. Andar de ônibus não mudou nada em São Paulo, continuam cheios e sem muita alternativa de locais acessados. Agora andar de automóvel, isso mudou muito, ficou mais lento e mais caro.
Para variar, ficamos submissos a atitudes de nossos administradores sem nos consultar e quando vemos algo errado, simplesmente pensamos: no Brasil é assim mesmo e fica por isso mesmo.
Por tudo isso, acredito que não haveria necessidade de mudar a lei para vistoria se as pessoas reprimissem aquele que faz "rolo" ou que altera seu veículo, só para dizer que consegue o que quer, mesmo existindo uma lei a ser respeitada.
8 comentários:
Caro mestre Felipe,
Saudações antigomobilísticas.
Concordo plenamente com o seu comentário. Vejo com muita tristeza a " banalização " da Placa Preta, e pelo andar da carruagem é um caminho sem volta. Êta paiszinho esse nosso.
Heriberto.
O que já ví de Pumas sem condições de ter a pp por aí, é realmente um absurdo, vergonhoso!
Estamos entrando com a placa preta na mesma situação de tudo que existe neste país. Criam-se mais leis, mais normas, mais custos, mais procedimentos, penalizando aqueles que são corretos, e sem impedir os sem vergonha e aproveitadores. Precisamos é vergonha na cara, punição para sem vergonhas e bandidos, e proteger os cidadãos de bem. Criamos registro do numero do motor, gravação do chassis nos vidros, normas para troca de motor, lacres numerados, licença para confeccionar uma placa perdida, tudo onerando aqueles que são corretos. Isto diminuiu o roubo de carros? Não!!!! E o que acontece com os ladrões de carros e e bandidos??? Estes entram e saem, só dormem na prisão e de dia fazem assaltos e roubos, recebem um belo salário, bolsa familia, cesta basica, e estão a vontade. O que falta neste nosso país é punir BANDIDOS e não onerar as pessoas de bem.
Amigos
É realmente triste - mais burocracia, mais custos e mais ilegalidade (=corrupção).
Alias - não sei o porquê de uma placa preta ilegal. Sabemos que estatisticamente 30% da frota de São Paulo não paga licenciamento, IPVA ou multas - e nada é feito. A CET e a Prefeitura conhecem os números , mas escondem... senão um dia todos param de pagar.
Mais um custo para nós?!?!?! Não há quem aguente.
Concordo com voce em tudo Felipe. Mas Clubes e Despachantes " ishperrtos" vão continuar existindo e fazendo falcatruas com a tranquilidade de sempre.
Só quem tem o carro e as placas pretas dentro da legalidade, é que vai pagar essa conta (de novo)!
Isso é Brasil...sil...sil.
Romeu
Pois é Felipe , vc foi na veia com seu comentário.
Corretíssimo na minha visão .
Ètica , cidadania, educação e outras regras de civilidade começam pelo berço. Quem não teve, eternamente agirá pelos caminhos tortuosos.
Colegas, sei que esse tópico já tem três anos, mas deixa eu fazer algumas observações:
A placa preta só banalizou aqui em São Paulo graças ao "excelentíssimo" prefeito Sr. Kassab que implantou a maldita ARRECADAR, digo, CONTROLAR (que graças a Deus foi pro saco) que fez com que muitos donos de carros antigos sem condições para receber tal placa "pagassem um por fora" para colocar uma placa preta "fria" em seus carros, logo, aquilo que, na teoria servia para atestar a história de um carro antigo preservado em sua origem, na prática acabou servindo para muita lata velha ai ficar livre de virar prego na Gerdau, some-se a isso os clubes de carros antigos "seríssimos" que davam placa preta até para carrinho de pipoca e pronto... a coisa virou "festa do caqui".
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